5 DE JUNHO 2020 | #17
ALL ABOUT
COMUNICAR É ACRESCENTAR VALOR

INDISPENSÁVEL
A educação é um Direito de todas as crianças
O Dia da Criança foi comemorado no início da semana, mas os seus direitos devem ser lembrados todos os dias. Os números e a realidade falam por si. A UNESCO revelou que o fecho das escolas para conter a disseminação do vírus, afetou a educação de quase 1,6 mil milhões de alunos em 190 países – 90% das crianças em idade escolar do mundo. E, até então, não há planos definidos para a reabertura das escolas de cerca de metade dessas crianças.
Em muitos casos, existem incertezas face ao retorno às escolas nos próximos meses. O prolongamento dessa espera pode resultar em consequências negativas como o atraso no seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social, e o aumento de doenças mentais. As desigualdades são outro fator que pode vir a ser ampliado em todo o mundo, com repercussões nos próximos anos. “São as crianças desfavorecidas que pagam o preço mais alto aqui, pois ficarão mais atrasadas e terão o menor número de recursos disponíveis”. É o princípio de “uma crise social em formação”, lê-se neste artigo da BBC Future.
Esta realidade exige que sejam feitos esforços para garantir que as crianças de todas as classes sociais consigam emergir desta crise. Uma temática que, esta semana, também mereceu um cuidado especial de Beatriz Imperatori, diretora executiva da Unicef Portugal, que apelou ao ministro da Educação para que ouvisse as crianças e os jovens em relação à experiência que tiveram das aulas à distância, antes de tomar medidas sobre o regresso às aulas presenciais. “Depois destes meses de confinamento é preciso refletir sobre que escola é esta e essa reflexão deve ser feita com crianças. É preciso definir esta nova escola com a participação das crianças nos processos de decisão política”, considerou Beatriz Imperatori em declarações à Lusa, acrescentando, ainda, que é fundamental perceber se conseguiram aprender durante a pandemia. Para ver aqui, na Rádio Renascença.

POR CÁ
Governo aprova Plano de Estabilização Económica e Social
O Governo aprovou, esta quinta-feira, o Plano de Estabilização Económica e Social, para combater os efeitos da pandemia, com uma série de medidas que se encontram divididas em quatro pilares. O primeiro-ministro António Costa anunciou contratações para o SNS, um complemento para quem esteve em lay-off, mês-extra de abono de família, linhas de crédito para empresas, intervenções em habitações e lares de idosos, entre outros. Consulte o documento com o Plano de Estabilização completo, neste artigo do Expresso.
Recuperação económica “vai ser lenta”
António Costa Silva, nomeado pelo primeiro-ministro para desenhar o plano de retoma do país, considera que a recuperação económica de Portugal “vai ser lenta”, impulsionada pelo fator “medo.” “E basta isso para afetar todas as cadeias logísticas, as cadeias de transporte e de criar dificuldades na recuperação da economia, vamos ter isso durante algum tempo. Penso que até se descobrir uma vacina, realmente vai ser um período difícil”, afirmou. Para ler no ECO.
Portugal vai contribuir para a Aliança das Vacinas
Portugal vai contribuir pela primeira vez para a Gavi, a Aliança das Vacinas, com 100 mil euros – anunciou esta quinta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, durante uma intervenção numa cimeira global de angariação de fundos, organizada pelo Reino Unido. “A atual pandemia recorda-nos de como as vacinas são cruciais. Contamos com a Gavi para a distribuição de uma futura vacina para a Covid-19, para que seja acessível a todos e possa constituir um bem público internacional para a saúde. Portugal tem vindo a fortalecer relações com a Gavi e pela primeira vez vamos contribuir financeiramente para a Aliança.” Leia no Jornal Económico.

LÁ FORA
É preciso ir além das redes sociais…
A morte do afro-americano George Floyd na semana passada, nos Estados Unidos, por um polícia, fez multiplicar durante esta semana – para além de devastadoras manifestações – inúmeros posts nas redes sociais com uma expressão de ordem #BlackLivesMatter (As Vidas Negras Importam). Um movimento de protesto criado em 2013 e que agora explodiu com a morte de Floyd, como pode ver na Visão.
Mas será o suficiente para fazer parar a desigualdade racial? Pequenas e grandes empresas – como a Google, Amazon e Facebook – divulgaram publicamente o seu apoio à comunidade negra, emitindo várias declarações. A Google mudou a imagem da página inicial, os departamentos de publicidade das empresas fizeram twits a defender a comunidade negra… Mas, fará esse apoio sentido se as práticas não forem alteradas? Se as políticas, práticas de contratação ou os modelos de negócios não forem revistos? De que vale mostrar apoio publicamente, se as empresas não estão isentas de discriminação? É preciso mais do que um simples post, como é sugerido neste artigo da Fast Company.
Pensamentos de um jovem negro
O fim de semana passado marcou o 99.º aniversário de um massacre racial que destruiu a “Wall Street Negra”, na cidade de Tulsa. Um dos piores capítulos na longa história racial nos Estados Unidos que se estendeu por 18 horas, deixando 300 pessoas mortas e 10 mil desabrigadas. Mas esta violência racial não parou no ano de 1921. “Passei o último fim de semana a pensar naquilo que me faz diferente de Ahmaud Arbery, Breonna Taylor e George Floyd. Quão mais educado posso ser com um polícia que só vê a cor da minha pele? Quão maior terá de ser o meu sorriso quando ando por bairros brancos?”. Estes são alguns dos pensamentos de um jovem negro que tem visto de perto a realidade que se continua a viver na América. “O que posso fazer para evitar que o meu nome apareça nas notícias como a última pessoa negra morta, apenas por tentar viver?”. A angústia e a sensação da ausência de escapatória, predominam. “As nossas vidas importam e queremos viver aqui”. Um testemunho de uma pessoa que sente este medo na pele, para ler no The Guardian.

Contra factos não há argumentos
“Nós somos os outros”
Se neste tempo a maior indignação é estar em casa, como será para quem não a tem? Haverá maior indignação do que não ter um lugar seguro onde ficar? A problemática dos refugiados está ainda longe de se encontrar resolvida. Mais de 70 milhões de pessoas no mundo foram forçadas a fugir dos seus países ou a deslocar-se internamente, devido a guerras, conflitos ou perseguições. Nunca a humanidade teve tantos refugiados: são 26 milhões, sendo que uma em cada duas são crianças e o número de deslocados ultrapassa os 40 milhões – a pior crise humanitária do século, segundo a ONU.
Catarina Furtado é Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População há 20 anos e há 14 que reporta as histórias e as experiências dos que, em contextos adversos, lutam pela melhoria das condições de vida das populações mais desfavorecidas, promovendo a cidadania e os Direitos Humanos, através do programa Príncipes do Nada. Em entrevista à Vogue, relata as experiências que viveu pelos campos de refugiados por que passou. “Quando me cruzo [com estas pessoas] não sinto pena. Sinto revolta e indignação pelas condições indignas, humilhantes e degradantes em que se encontram”. Pessoas com falta de acesso a comida, casa, cuidados de saúde, educação, trabalho digno e segurança. “São pessoas como nós e por mais que eu diga esta frase parece que não entra nos ouvidos”, manifesta Catarina.
“A Europa tem que resolver isto, tem que acelerar os processos de requerimento. Não é possível famílias inteiras atravessarem o mar mediterrâneo, pagando a traficantes para porem as suas vidas em risco em barcos de borracha e depois chegarem ali e terem uma entrevista de recolocação num país qualquer para daí a dois anos. E é só por falta de vontade política e falta de vontade económica.” É urgente falar e urgente fazer. Leia esta entrevista, aqui.

Como sobreviver
Contribuirá a pandemia para a reformulação do discurso das marcas?
Os profissionais de marketing em Portugal defendem que o “novo normal” das marcas passará por uma mudança na forma como comunicam. Um estudo elaborado pelo Omnicom Media Group, com base nas respostas de 62 profissionais, revela que 70% acredita que o discurso terá de ser reajustado para dar lugar a um diálogo mais emotivo, onde as relações humanas ganham espaço. Veja os resultados na Marketeer.
Será o fim dos cigarros?
Sobrevivência. Adaptação. Resiliência. Foram algumas das palavras condutoras durante o período de confinamento. Tão bem o sabe a Tabaqueira que não perdeu o fio à meada. “No lado das exportações, nós conseguimos manter a fábrica sempre a trabalhar. Nunca parámos, mesmo durante o período mais crítico da crise. Conseguimos até bater recordes de produção.” Mas, será que estamos perante o fim dos cigarros? Ou tal decisão culminaria no aumento do tabaco ilícito? Oiça a opinião de Miguel Matos, diretor geral da empresa, em entrevista à rádio Observador.
O teletrabalho também é possível num hotel
Muitas empresas permanecem ainda em teletrabalho. Mas com os dias quentes a chegar, e depois de quase 3 meses confinados no mesmo espaço, por que não dar um mergulho entre reuniões e ter um escritório com vista de jardim? O Sheraton Cascais Resort vai lançar um novo serviço para quem quiser estar em teletrabalho a partir de um hotel. A primeira hora nas residências T1 custará 75 euros, as restantes 10 euros cada uma. O serviço “Office @ Sheraton” arranca no próximo dia 22 de junho e os apartamentos estarão equipados com internet, impressoras e telefone, sendo as chamadas internacionais pagas à parte. A garantia de que todas as medidas de segurança vão estar a funcionar a 100% será a prioridade antes de abrir portas. Uma estratégia de refúgio pessoal e que contribuirá também para sustentar a atividade hoteleira. Leia no Observador.

Facts&Figures
Europa com melhor desempenho que Wall Street
Os mercados europeus estão finalmente a ter uma melhor recuperação do que Wall Street, em Nova Iorque. Em contraste com a tendência de longo-prazo, as ações europeias destacam-se impulsionadas por um forte desempenho das ações cíclicas, apoiado pela aposta na recuperação económica e pelos vários planos de estímulos. O índice europeu Stoxx600 já conta com um rally de 12% desde meados de maio, contra os 9% do índice norte-americano S&P500. Ainda assim, as ações europeias continuam abaixo das norte-americanas, com uma quebra de 12% para o Stoxx600 e de apenas 3,3% para o S&P500 em 2020. Para ler no Jornal de Negócios.
Tribunal de Contas considera Estado pouco ecológico
Esta sexta-feira, 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente, é feita uma pergunta: Terá o Estado português consciência ambiental e sustentável na hora de celebrar contratos com empresas para fornecer produtos ou prestar serviços? A resposta é “não”. A auditoria do Tribunal de Contas, divulgada neste dia, revela que o Estado apenas tenta – e sem sucesso – ser ecológico quando compra “produtos e serviços de limpeza” (12,7%), “eletricidade” (11,8%), “iluminação interior” (10,9%), “papel de cópia e papel para usos gráficos” (10,9%), não mostrando preocupação com o ambiente no que toca a “equipamentos elétricos e eletrónicos usados nos cuidados de saúde”, “infraestruturas rodoviárias e sinalização de tráfego”, “painéis interiores” e a “produção combinada de calor e eletricidade”. Todos eles com valores inferiores a 2,5%. Este é um inquérito efetuado a 308 entidades estatais que “concluiu que a ENCPE 2020 [Estratégia Nacional para as Compras Públicas Ecológicas 2020] não está a ser aplicada de modo eficaz”, concluiu o Tribunal de Contas, como se lê no ECO.
Trinta maiores startups americanas com elevado número de demissões
A Covid-19 fez-se sentir em muitas startups de tecnologia que tiveram de recorrer às demissões. Os gráficos e as tabelas do Visual Capitalist mostram as 30 startups mais reconhecidas dos Estados Unidos que mais sofreram com a pandemia a este nível. Cada uma das empresas despediu mais de 250 funcionários entre 11 de março e 26 de maio de 2020. A maioria destas empresas está relacionada com os setores das viagens e da mobilidade. A Uber é um exemplo: fechou 45 escritórios e 6.700 funcionários foram dispensados desde meados de março. No entanto, nem todos os exemplos são negativos. O Canva, plataforma de design gráfico da Austrália, tem 100 vagas à disposição por todo o mundo. E como esta, há outras empresas em expansão. Veja a análise aqui.

Fazer a Diferença
Os festejos acontecem… ainda que à porta fechada
Numa semana marcada pelo regresso do campeonato de futebol, a Super Bock quis mostrar que não há rivalidades quando se fala de pandemia. “Na luta contra a Covid-19 todos apoiamos o mesmo lado” por isso, através da plataforma Super Bock Super Adeptos, a marca de cerveja promoveu uma Super Onda para receber de volta o futebol nacional, num vídeo protagonizado por jogadores e adeptos. A ação #SuperBockSuperOnda desafiou todos os adeptos a publicar, em vídeo, a sua melhor versão do Hola – celebração futebolística que faz lembrar uma onda e que é presença habitual nos estádios de futebol. Uma forma de mostrar o apoio à modalidade, ainda que à porta fechada. Para ler na Meios&Publicidade.
Ludotempo premiada pela UEFA por projeto destinado às crianças
Confinadas desde o dia 16 de março – longe dos amigos e da família alargada – as crianças precisam de lhes ver devolvidos o tempo para explorar e a rua. Um projeto chamado Brincar de Rua, criado há quatro anos, em Leiria, pela Ludotempo, é agora premiado pela UEFA com o prémio Fundação das Crianças UEFA 2020. A iniciativa, presente em 24 cidades portuguesas, é agora reinventada, devido à pandemia, com um novo programa: as Tribos do Brincar. As Tribos são constituídas, no máximo por oito crianças e por dois Guardiões do Brincar (adultos voluntários), que durante pelo menos uma hora por semana se reúnem no mesmo local e horário para realizar atividades totalmente gratuitas. Cada Tribo deverá reunir pessoas que façam parte do seu núcleo de confiança, tendo sempre presentes as normas da Direção Geral de Saúde. Até 14 de junho, a associação vai continuar à procura de Guardiões que terão de comparecer a uma entrevista para serem selecionados. Um projeto importante para manter a saúde física e mental das crianças e para conhecer aqui, no Diário de Notícias.

Opinião de Pedro Reis
Investir na Economia – Parte V
Numa etapa em que a nível europeu se começa a falar numa vaga de apoio ao investimento capaz de relançar a economia, Pedro Reis – Head da Banca Institucional do Millennium BCP e ex-Presidente da AICEP, na sequência de quatro artigos que escreveu, redige agora sobre as necessidades de investimento na recuperação da economia no pós-pandemia.
Para que se possa avançar em direção a “um programa de estímulo ao investimento, quer a nível europeu quer nacional, é sempre importante ter clara uma visão prévia e abrangente de três equilíbrios em particular sobre os quais se quer conseguir um blending virtuoso: o equilíbrio entre o papel do Estado e o do setor privado, o equilíbrio a conseguir na aposta entre os vários setores que sempre existem numa economia e, também, o equilíbrio a conseguir e a conciliar entre fomentar investimento de raiz e o investimento de expansão.”
Pedro Reis aponta para dez dimensões que considera que devem ser tidas em conta numa fase em que a inovação é ouro para o crescimento das empresas. “O Estado pode ajudar, mas devem ser as empresas a concretizar”. Leia-as aqui, no Dinheiro Vivo.